Rio – Ela nasceu em 10 de janeiro de 1912, na cidade de Fagundes, Paraíba, seis anos antes da gripe espanhola contaminar 500 milhões de pessoas, causando a morte de 10% delas em todo o planeta. Dona Maria Alexandrina da Conceição sobreviveu a essa pandemia que se estendeu de 1918 e 1920 e, agora, recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19. Equipes da Assistência Social e da Saúde foram até sua casa, na parceria especial entre as duas secretarias para alcançar os mais de 25 mil idosos em situação de vulnerabilidade, a maioria abaixo da linha da pobreza.
Moradora do Complexo do Alemão, Dona Maria Alexandrina, mesmo conversando bastante e andando com pouca dificuldade, não sai mais de casa. Para chegar lá, as equipes tiveram que descer e subir escadarias bem precárias em terreno íngreme por quase três minutos. Veículos não chegam até o local.
As assistentes sociais do Centro de Referência (CRAS) de Ramos visitaram-na no último dia 1º de fevereiro, quando foi iniciada a vacinação dos idosos na cidade do Rio. Ela, então, disse que queria ser vacinada, e a família solicitou que fosse feito o procedimento em sua casa. No mesmo dia, as assistentes sociais entraram em contato com a equipe da Clínica da Família Valter Felisbino de Souza.
A renda de Dona Maria Alexandrina é de um salário mínimo, por Benefício de Prestação Continuada (BPC). Ela mora com a filha Salete e o neto Adriano. Todos estavam muito animados durante a visita das assistentes sociais e Dona Maria Alexandrina radiante por ter tomado a vacina e com a perspectiva de, a partir de abril, quando receber a segunda dose, ficar realmente protegida do coronavírus.
Além de levar a vacina em casa quando os idosos vulneráveis não conseguem ir à Clínica da Família, a ação especial das Secretarias de Assistência Social e de Saúde também disponibiliza transporte para os que podem sair de casa. Foi o caso do Senhor Severino Gomes de Souza, de 92 anos, também morador do Complexo do Alemão. Aposentado e vivendo com a neta Débora, foi levado por equipe do CRAS Ramos até a unidade de saúde para tomar sua vacina.
Enquanto isso, a 28 quilômetros de distância, na Rocinha, Maria do Carmo Silva, 97 anos, foi transportada em van da Secretaria de Assistência Social até a Clínica Rinaldo Delamare para tomar sua vacina. Dona Maria do Carmo não saiu do veículo: a equipe de Saúde vacinou-a na porta da unidade de saúde, assim como aconteceu com o senhor Severino. Os dois demonstraram a mesma sensação, de puro alívio.
Dona Maria do Carmo teve nove filhos, dos quais cinco sobreviveram aos partos, quando ainda morava em sua cidade natal, Queimadas, na Paraíba. Trabalhando como doméstica, há 25 anos foi morar na Rocinha, no Rio, para reunir-se aos filhos que já estavam na cidade. Vive hoje com seu filho José Augusto e saiu de casa pela primeira vez para tomar vacina, desde março, quando o isolamento social foi decretado.
Fonte: Jornal O DIA